A transformação da escravidão em Angola, dependências e categorias sociais, do séc. XVI ao séc. XIX

Abgeschlossenes Promotionsprojekt

Na Europa do início da Idade Moderna, a escravidão era uma instituição de difusão restrita, mas ainda existente. As guerras entre cristãos e mouros na Península Ibérica e no norte da África produziam cativos. Através dos árabes, escravos negros chegaram ao mediterrâneo ainda no final da Idade Média. Por isso, quando os portugueses chegaram à costa atlântica da África no século XV em busca de ouro, não ficaram surpresos quando se deparam com a existência de escravos nas várias sociedades africanas, não tiveram dificuldades também em participar do comércio já estabelecido de cativos, vendendo-os entre as diferentes sociedades africanas da costa e levando outros tantos para Portugal. Cristãos, mouros e as diferentes sociedades da África Subsaariana, consideradas pagãs, conheciam e toleravam a escravidão e o comércio de cativos antes das dramáticas transformações determinadas pelo desenvolvimento da economia assegurada pelas plantações nas Américas. Apesar disso, a presença da escravidão nas sociedades da África negra antes do tráfico atlântico e a transformação deste fenómeno para o colossal comercio transatlântico é tema pouco conhecido de um público mais amplo, mesmo com número crescente de estudos sobre o assunto. Na África, como em todas as sociedades que conheceram a instituição da escravidão, o escravo era uma propriedade sujeito a tratamento violento, à exploração produtiva e sexual, considerado como um estrangeiro na sociedade onde era cativo. As formas de escravidão existentes até então na África, seja nas sociedades muçulmanas, como nas sociedades tradicionais, eram, entretanto, diferentes do regime de trabalho escravo criado pelos europeus, após o estabelecimento das primeiras plantações de cana-de-açúcar pelos portugueses nas ilhas do Atlântico e depois nas Américas. O estabelecimento do tráfico atlântico de escravos, responsável pela migração forçada de no mínimo 11 milhões de africanos para o continente americano, provocou uma modificação radical na organização da escravidão africana, ao mesmo tempo, possibilitou a criação da escravidão moderna transatlântica. Este novo cenário, criou variadas situações de dependências não só em África nas colónias, como nos países europeus envolvidos no tráfico humano. Desta feita, temos como objectivos:

Objectivo geral

  • Desvendar os mistérios e escamoteamentos ou omissões que envolvem este assunto. Não no sentido de exaltar mágoas, culpas ou injustificações do estado actual do nosso desenvolvimento enquanto africanos, mas para trazer a superfície os factos, os papeis, os contextos e circunstâncias da verdadeira tragédia que foi o comércio transatlântico de seres humanos, a partir da costa africana.

Objectivo específico

  • Compreender como se deu a transformação da escravidão (de patriarcal para comercial) no espaço territorial que é hoje Angola.
  • Identificar as transformações sociais, económicas e políticas provocadas pelo tráfico de escravos nas sociedades (africana e europeia).
  • Perceber a evolução das relações (jurídicas e sociais) dos intervenientes do tráfico humano.
  • Mostrar as categorias sociais e dependências estabelecidas a partir do comercio Atlântico Ibérico.

Problema de Investigação

Tendo em conta os aspectos expostos, o problema de investigação que propomos é: Como ocorreu a transformação da escravidão em Angola, do séc. XVI ao séc. XIX?

Perguntas de Investigação

As questões que esse estudo procura responder são:

  1. Como ocorreu a transformação da escravidão nas Chefaturas e Estados em Angola?
  2. Que tipo de mudanças a transformação da escravidão provocou?
  3. Como evoluíram as relações entre os intervenientes do comercio transatlântico?
  4. Que novas ordens sociais surgiram desta transformação?

Métodos e técnicas de Pesquisa

A metodologia a ser utilizada, será determinada pelos objectivos predefinidos com a combinação de diferentes métodos quantitativos e qualitativos tais como, método histórico lógico, análise e síntese, indução e dedução. Todos estes terão uma grande utilidade no estudo e valorização das fontes bibliográficas em especial das fontes primárias (arquivos).

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